O envolvimento crescente das comunidades locais no evento, que a cada edição esgota o número limite de participantes, é a nota de destaque no balanço deste ano.
“Gosto de fazer caminhadas, gosto deste território, gosto dos produtos, gosto das pessoas, gosto das paisagens e sinto a evolução nestes últimos 3 anos neste Festival, sobretudo a nível da proximidade que se criou com as pessoas que aqui vivem”. Esta é o sentimento manifestado por Ivone Tavares, residente no Porto, que trabalha na área da Tecnologia, e que é participante assídua do Tua Festival de Percursos Pedestres | Tua Walking Festival. No primeiro ano aventurou-se sozinha, regressou depois com uma amiga, atualmente no grupo são seis, de diferentes pontos do país (Porto, Vale de Cambra, Coimbra), e no próximo ano já contam com a participação de mais amigos.
Este exemplo demonstra um pouco o que tem acontecido neste Festival. Com o chamariz das caminhadas no Parque Natural Regional do Vale do Tua, o território recebe visitantes/turistas , que acabam por dinamizar o turismo de forma integral. “Nós reservamos alojamento, uma ou duas noites, reservamos refeições em locais que já gostamos e queremos voltar, compramos produtos”, refere a participante.
Promovido pelo Parque Natural Regional do Vale do TUA (PNRVT), o diretor António Luís Marques não esconde a satisfação com o crescimento deste projeto, que se considera o “Maior Festival de Percursos Pedestres do País”. “Podemos em consciência dizer que a versão de 2025 do Tua Festival de Percursos Pedestres superou as expectativas de todos, e não são apenas os números que o demonstram. Os números, na verdade, revelam que em cada concelho as inscrições esgotaram com semanas de antecedência, demonstram que o alojamento, tantas vezes, esgotou, que temos cada vez mais produtores a expor e a vender. Queremos muito que a economia de base familiar ganhe com este Festival” sustenta.
“Conseguimos porque procuramos muito envolver as pessoas. São elas os nossos principais aliados e parceiros. Temos de estar lado a lado, a trabalhar juntos na defesa e valorização do Vale do Tua. Queremos uma relação forte e próxima da comunidade local com o Festival e com todos os projetos e ações, do Parque Natural Regional do Vale do Tua”, afirma o diretor.
A cada edição a organização, com o apoio do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), realiza inquéritos de satisfação aos participantes, com possibilidade de deixarem sugestões. A grande maioria considera o evento excelente, o que, obviamente sustenta a perceção positiva da organização.
“O Festival conseguiu materializar a visão de um “turismo de 360°”, integrando natureza, património, cultura, gastronomia e vinhos e comunidade”, explica Domingos Pires, responsável pela empresa PORTUGALNTN que desde a primeira hora está envolvida no conceito e na organização. Domingos Pires sustenta que com este Festival se valoriza e fomenta o orgulho da identidade local, as pessoas começam a querer mostrar e partilhar o que fazem, o que são, o que têm, com a certeza de que tudo isso tem muito valor.
Os técnicos dos municípios envolvidos também participam, cada um no respetivo concelho, de forma muito ativa neste Festival, que decorre sempre num fim-de-semana (sábado e domingo), por vezes incluindo a sexta-feira, e prepararam o programa cultural e social do dia ou dias que antecedem as caminhadas. Arménio Carvalho Ribeiro, do Município de Murça, é dos técnicos que acompanha o festival desde a sua génese e que no respetivo concelho se envolve diretamente na organização, também se diz “muito satisfeito”, com o caminho que o Festival tomou e o patamar que alcançou. “Temos aqui a comunidade de Sobreira envolvida em todas as atividades, tivemos um concerto litúrgico na Igreja, magusto, concertos, provas de vinho, tantas iniciativas que não são habituais, as pessoas sentem que isto é positivo”, refere acrescentando que também graças a estes eventos já se começa a sentir a presença de turistas nas aldeias do PNRVT.
Ana Pimpão, técnica do Municipio de Mirandela que tem participado na organização do Festival no respetivo concelho, fala da importância de trabalhar os produtos locais: “em cada localidade trabalhamos produtos diferentes e resulta numa ação de promoção muito importante, por exemplo o azeite, os figos, mas também o queijo, o mel, as compotas e tantos outros”.
O projeto nasceu para dinamizar a infraestrutura criada, a rede de percursos pedestres, que no PNRVT, seguindo as regras e obrigações impostas pela homologação de todos os percursos, tem em dia a manutenção. Atualmente essa rede e outros percursos criados pelos municípios e até pelas juntas de freguesia, já são usados por diferentes operadores turísticos que trazem cada vez mais visitantes e turistas ao território.
E diz quem vem há três anos ao Festival que em nada é repetitivo: “Não, até agora, não tem sido repetitivo. Mesmo dentro de cada município, tem sido sempre percursos diferentes, produtos diferentes locais diferentes, atividades culturais diferentes, a cada edição é uma nova descoberta, já estamos ansiosos e com alguma expectativa em relação a 2026; remata Ivone Tavares.
O Tua Festival de Percursos Pedestres encerrou a sua terceira edição nos dias 8 e 9 de novembro, em Sobreira, no concelho de Murça, consagrando-se como um dos principais motores de dinamização turística do território fora da época alta.
Ao longo do ano, o evento percorreu os cinco municípios do Vale do Tua — Carrazeda de Ansiães (22 e 23 de março), Mirandela (26 e 27 de abril), Alijó (24 e 25 de maio), Vila Flor e, finalmente, Murça (8 e 9 de novembro) — promovendo caminhadas, experiências culturais e atividades gastronómicas que envolveram centenas de participantes e dezenas de produtores locais.