Durante três dias, de 10 a 12 de julho, Sernancelhe voltou a transformar-se num autêntico palco a céu aberto com mais uma edição do Ser+Cultura, um evento que já se tornou símbolo da vitalidade cultural da vila beirã.
Promovido pela Câmara Municipal, em articulação com escolas, associações e criadores locais e nacionais, o festival voltou a atrair milhares de visitantes ao centro histórico, que se encheu de música, teatro, dança, literatura, gastronomia e expressões artísticas diversas.
A edição deste ano arrancou com uma abertura marcada pela música e pela multiculturalidade. No auditório municipal, a atuação da cantora Yuki Rodrigues, acompanhada por Kaori Shiozawa e pela jovem revelação Sofia Vide, deu o mote para uma programação marcada pela diversidade. Ainda na primeira noite, passaram pelos palcos do festival grupos como InAkustic, a Orquestra de Sopros do Conservatório Regional de Música de Ferreirim e a banda The FarAway Band, além da presença da Áudio 80 e da energética Thaís + Banda. O dia terminou com o DJ Boozye, que levou ritmos eletrónicos ao coração da vila.
No segundo dia, a programação combinou arte, história e juventude. A sessão inaugural contou com o lançamento do livro TCUZU – Padre João Rodrigues, um projeto literário desenvolvido por alunos da Escola Básica e Secundária de Sernancelhe, numa clara aposta na valorização da produção local e da ligação entre educação e cultura.
Seguiu-se um momento de poesia e música com Pedro Fonseca, Tiago Taborda e Diana Almeida, que envolveram o público numa atmosfera intimista. Mais tarde, o grupo KINESSIS apresentou um espetáculo de fogo que encantou miúdos e graúdos. A noite foi ainda preenchida com os ritmos brasileiros de Vem Ser Feliz, a música tradicional da banda Barc’Ávela e a energia contagiante do "Homem da Gaita". O encerramento ficou a cargo de DJ Kove_Lines, que prolongou a festa pela noite dentro.
O último dia começou com atividades mais tranquilas e participativas, como uma sessão de pilates clínico orientada por Leonor Fonseca, que teve lugar ao ar livre. A manhã incluiu ainda oficinas e momentos de animação para os mais novos, dinamizados por Verónica González. Ao cair da tarde, a música voltou a tomar conta do centro histórico, com destaque para os concertos de A Viagem dos Capitães e da cantora Sónia Sousa, que encerrou a edição de 2025 com um espetáculo emotivo e muito aplaudido.
Mais do que uma mera sucessão de atuações, o Ser+Cultura é pensado como uma experiência imersiva de redescoberta da vila de Sernancelhe e do seu património. Os diferentes palcos, espalhados pela Igreja Românica, o pelourinho, o Solar dos Carvalhos, a Casa da Comenda de Malta, a biblioteca, o museu e outros espaços, foram cuidadosamente escolhidos para integrar a programação no contexto urbano e histórico da vila.
Para o vereador municipal, Armando Mateus, o balanço desta edição é “francamente positivo”, destacando o envolvimento da população e a crescente oferta hoteleira e de restauração que marca a revitalização do Centro histórico da vila.
“O balanço é francamente positivo, não só pelo número de visitantes, mas porque atingimos os objetivos que tínhamos: com maior diversidade, uma oferta cultural mais diversificada e uma aposta nos artistas locais.
Um dos pontos de maior interesse foi a tenda das artes com uma exposição coletiva de todos os artistas do concelho e que despertou muito interesse nos visitantes.
Um objetivo também alcançado é a entrega total que todos os espaços comerciais de hotelaria e restauração mostraram, dando a conhecer um Centro Histórico renovado e atrativo do ponto de vista turístico.
Conseguimos ter um Ser+Cultura com uma resposta maior naquilo que procura quem nos visita, não só em termos culturais, mas também pela possibilidade de disfrutar de bons momentos a saborear a nossa gastronomia”.
O vereador responsável pela cultura no concelho de Sernancelhe destaca ainda o papel da autarquia na oferta cultural do concelho.
“A cultura deve ser para todos e só chega a todos em meios com menor oferta, como é o nosso concelho, através dos municípios, é também esta a nossa função. Devemos proporcionar aos nossos munícipes a oferta cultural que facilmente se encontram em meios de maior dimensão”.
Ao longo dos três dias, o público pôde circular livremente pelo centro histórico, de palco em palco, participando ativamente em concertos intimistas, performances teatrais, recitais de poesia, espetáculos de rua, exposições e experiências multimédia. Os visitantes puderam ainda conhecer o trabalho de artesãos locais, representados em mais de uma dezena de bancas com produtos em madeira, cerâmica, têxteis e doçaria tradicional.
Desde a sua criação, em 2015, o Ser+Cultura tem vindo a afirmar-se como um instrumento de revitalização do centro histórico de Sernancelhe. O evento contribuiu para a reabilitação de edifícios antigos, hoje reconvertidos em alojamentos locais, cafés, restaurantes e espaços culturais.