Escrever nesta altura de desassossego planetário é um exercício de frustração.
Frustração face ao contexto concreto, provocado por um vírus muito discreto.
Discreto mas galopante. Sem fronteiras nem barreiras.
Que dizer do nosso Douro neste momento de confronto com as vulnerabilidades do ser humano?
Será que importa continuar a dizer que o Douro é fruto da força de homens e mulheres que nunca acreditaram nem pensaram na finitude.
Será que importa continuar a falar na sua beleza extraordinária, na sua indiscritível e paradoxal leveza, num contraste de montes e vales e rios, parecendo um desenho numa plana folha de papel.
Será que importa referir a sua heterogeneidade, demográfica, orográfica, cultural, agrícola, de tecido empresarial, de produtos e suas transformações, de níveis de vida e de ambições.
Será que importa ainda falar das suas inconsistências, injustiças e deficiências.
E será que importa falar do seu passado, das oportunidades do presente e dos desafios para o futuro.
Não sei a resposta. Não sei se nesta crise biológica que condição nos será imposta.
Mas sei que do desassossegante contexto, sairemos mais fortes e unidos.
Para uma estratégia clara e inclusiva.
Neste Grande Douro fantástico!
Há, certamente, sempre, lugar a um grande abraço!