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Municípios durienses apelam à poupança de água

Num ano marcado pela seca os municípios durienses têm apelado ao uso consciente de água, tentando assim evitar futuros cortes de abastecimento às populações.

Um dos primeiros municípios a lançar o alerta para a falta de água foi Carrazeda de Ansiães que se abastece na albufeira da Fontelonga, há vários meses já em situação crítica. Neste momento foi já lançado um concurso público internacional para o transporte de água, por via terrestre, do rio Tua até à Estação de Tratamento de Água (ETA) situada na Albufeira de Fontelonga, uma situação protocolada entre o município transmontano e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Entre os apelos, um dos mais urgente surge pela autarquia de Vila Nova de Foz Côa que, numa nota partilhada nas redes sociais, afirma que se os consumos se mantiverem altos como até ao momento, a albufeira da barragem de Ranhados, deixará de ter água para consumo humano já a partir de setembro.

“O Município de Vila Nova de Foz Côa, vem por este meio informar todos os seus munícipes, que a albufeira da barragem de Ranhados, apresenta atualmente níveis muito críticos e nunca vistos, de armazenamento de água. O ponto de rutura será atingido já no mês de setembro, caso se continuem a registar os consumos atuais diários de 640 litros/dia, de água por pessoa, quando o desejável deveria ser de 200 litros/dia.

As previsões, caso não chova nem se registem alterações ao consumo, são de que em setembro a água não chegará às nossas torneiras”.

Em Murça, município afetado pelo maior incêndio na região até ao momento, a autarquia também tomou uma decisão drástica ao não reabrir as piscinas municipais até ao fim do verão.

“A autarquia murcense informa que as Piscinas Municipais descobertas, encerradas aquando do grande incêndio florestal do passado dia 17 de julho, não reabrem este verão”, pode ler-se numa nota divulgada no website do município.

Em São João da Pesqueira a autarquia tem trabalhado no sentido de diminuir as perdas de água no sistema, colocando equipas técnicas no terreno para detetar e resolver avarias nas condutas.

“Das várias medidas implementadas, será de destacar o trabalho permanente no terreno, por parte das nossas equipas técnicas, dia e noite, na deteção e resolução de avarias nas condutas.

Fruto desse trabalho, o município de S. João da Pesqueira está ter resultados bastante expressivos na diminuição das perdas de água, sendo que, no 2.º trimestre de 2022, verifica-se uma redução de consumo de 23% face ao período homologo, o que representa uma poupança de 43 Milhões de Litros”.

“Poupa hoje para que não falte amanhã” é uma iniciativa das Atividades de Tempos Livres, promovidas pela Câmara Municipal de Tabuaço. A campanha pretendeu sensibilizar, em primeiro lugar, as crianças para a importância da água e os cuidados a implementar para minimizar os efeitos da seca que atravessamos e, posteriormente, levar o conceito e iniciativas de mitigação a toda a população.

Em Alijó foram também as crianças que apelaram à população para uma utilização regrada da água. Num périplo pelas freguesias do concelho as crianças puderam assim alertar a população para a falta de água, bem como para a deposição de lixo, e a prevenção de incêndios.

De uma forma geral todos os municípios da região têm dado ainda destaque à campanha da empresa Águas de Portugal, “Vamos fechar a torneira à seca”, que tem sido divulgada nas redes sociais e plataformas digitais, apelando a uma utilização da água da rede pública apenas para o consumo humano, e a não utilização para rega, encher piscinas ou tanques, lavar carros, telhados ou pátios.

Carla Alves, Diretora Regional da Agricultura e Pescas do Norte, à margem da inauguração da Expo Moncorvo, afirmou a sua preocupação com este tema à reportagem do VivaDouro.

“Se a agricultura é o setor que mais utiliza água, cerca de 75% do total utilizado, é também aquele que é mais afetado. Costumo dizer que esta água, não sendo consumida, também não é desperdiçada, transformando-se em alimentos que chegam às nossas mesas.

É um ano de extrema dificuldade em que, mesmo as culturas de sequeiro, habituadas a este clima, têm sofrido um grande stress hídrico”.

De acordo com a DRAPN há neste momento diversas medidas em vigor que poderão ajudar autarcas e agricultores a minimizarem os efeitos da seca nas suas culturas.

“Há vontade dos autarcas em investir em equipamentos hidroagrícolas, por isso mesmo fizeram diversas candidaturas, sendo que sete já têm aprovação havendo a decorrer agora os estudos de impacto ambiental.

No caso das charcas, outra das soluções para períodos como este, houve um aviso aberto em que foram aprovadas 224 charcas, dessas, 104 são no norte, assumindo a importância deste aviso, com  um investimento apoiado em 6,2 milhões de euros.

Outra medida que esteve aberta e com muita adesão foram os painéis fotovoltaicos, que se encaixam na estratégia de rega, que é fundamental.

Mais recentemente foi aberto um aviso para a agricultura de precisão onde a questão da rega eficiente é o que se pretende apoiar”

Secretário de Estado reuniu com CIM Douro

O Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento, João Paulo Catarino, e o vice-presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, estiveram no Museu do Douro para uma reunião com os autarcas durienses no passado dia 12 de agosto.

No final da reunião, em declarações á comunicação social, o Presidente da CIM Douro, Carlos Silva Santiago, explicava alguns dos temas debatidos no encontro.

“Há a necessidade de articular com o senhor secretário de Estado, através do Fundo Ambiental, algumas soluções como a utilização de captações próprias, aquisição de autotanques, melhorar as captações que foram desativadas há uns anos e que, agora, precisam de imediato ser reativadas para que o consumo humano, obviamente, não possa estar em causa”.

Acrescentou, ainda, a importância de ser feito ” levantamento dessas nascentes, furos e captações “de imediato” pelas câmaras. E aproveitar tudo o que é possível e que já esteve ao serviço das populações, mas por força da construção dos subsistemas multimunicipais deixaram de estar ativos”.

Por seu lado, o Secretário de Estado disse fazer um “balanço positivo” do encontro, garantindo que o Governo está atento à situação e junto com os autarcas na procura das melhores soluções.

“O que viemos transmitir aos autarcas é que há um alinhamento entre o Governo e os próprios em relação a este momento difícil que vivemos. Temos que arranjar formas de garantir aos portugueses que não terão falta de água nas suas torneiras.

Estamos a procurar soluções, o Governo tem já uma série de medidas de contingência no terreno que serão agora avaliadas, podendo mesmo ajudar financeiramente na sua implementação através do Fundo Ambiental.

Há medidas mais estruturais como a questão das perdas de água, para os quais existem os PO regionais, com mais de 500 milhões de euros, para os quais as autarquias se poderão candidatar. Precisamos melhor a eficiência hídrica, e reduzir drasticamente a quantidade de água que se perde por falhas no sistema”.

Confrontado com informações de que a Barragem do Vila, em Moimenta da Beira, esteve a produzir energia até início de junho, contrariando uma decisão do anterior Ministro do Ambiente, Matos Fernandes, que mandou parar a produção elétrica naquela barragem, João Paulo Catarino explicou essa laboração com o aumento da cota mínima estabelecida.

“O Governo em fevereiro decretou uma cota a partir da qual a barragem não podia turbinar. A partir do momento em que essas barragens passam acima dessa cota há disponibilidade para turbinar. O que o Governo se preocupou em garantir foi o estabelecimento de uma cota mínima para garantir abastecimento humano pelo menos por dois anos, e isso foi garantido”.

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