A vila de Torre de Moncorvo viveu quatro dias de muita animação durante as festas da vila e do concelho que este ano integraram ainda a Expo Moncorvo, inaugurada com a presença da Diretora Regional da Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves.
Música, animação, momentos religiosos e promoção do território foram os ingredientes das festas da vila de Torre de Moncorvo que levaram até ao planalto transmontano milhares de visitantes.
No primeiro dia, ainda no decorrer da inauguração da Expo Moncorvo, uma feira das atividades económicas do concelho, o autarca moncorvense, Nuno Gonçalves, mostrava-se já satisfeito com a previsão de uma forte afluência de público ao concelho, marcando assim o regresso à normalidade pós-pandemia.

“Este evento marca o dito regresso à normalidade e aquilo que nós queremos que regresse que é a nossa marca “Moncorvo, 365 dias à sua espera”, que já é uma marca de bem receber”.
Na sua terceira edição, a Expo Moncorvo realizou-se este ano em agosto “também para aproveitar a vinda dos nossos emigrantes neste época”, explicou o autarca.
Com cerca de uma centena de expositores, o certame englobou diversas atividades económicas, com especial destaque para a agricultura que, neste concelho transmontano se divide especialmente entre o amendoal, olival e vinha.
“Esta feira marca o reativar da nossa economia. Este evento é gastronomia, artesanato, atividades económicas, e agricultura, não só com os vinhos e a amêndoa, por exemplo, mas também com várias raças autóctones de animais. Torre de Moncorvo está na fronteira entre o Douro e Trás-os-Montes, vive de tudo isto.
Decidimos este ano organizar esta feira durante o mês de agosto porque é uma época em que estão cá muitos dos nossos emigrantes.
Temos aqui cerca de uma centena de expositores, ultrapassando aquilo que tivemos nas duas edições anteriores, que passados estes dois anos de pandemia, têm também reativado as suas atividades.
Esta feira é para os moncorvenses, para aqueles que se mantêm resistentes e resilientes neste território de alta intensidade mas, é também boa para que todos percebam que estamos cá e é aqui que queremos ficar, dando qualidade de vida aos vindouros. É essa também a mensagem que queremos passar com esta feira”.
Nuno Gonçalves aproveitou ainda a oportunidade para deixar alguns recados ao Governo, criticando a descentralização de competências que tem sido levada a cabo.
“Quem nos chama de baixa densidade, focando-se apenas no número de pessoas que habitam num território, podem ver a vitalidade que temos quando juntamos mais de 100 expositores. Este território tem a capacidade de ser um território de alta intensidade, queira o Terreiro do Paço transferir aquilo que deve transferir, não competências encapotadas de despesas para os municípios, mas sim, verdadeiramente, uma descentralização e, se possível, aquilo que a Constituição prevê, uma regionalização”.
Presente também na inauguração do certame esteve a Diretora Regional da Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves, que sublinhou a importância deste evento, em especial num ano de tantas dificuldades para o setor agrícola.
“Este tipo de eventos são sempre de grande importância, em especial num ano tão difícil como este. Muitas produções ficarão aquém das habituais quantidades muito por responsabilidade do período de seca que atravessamos.
Este tipo de eventos, organizados pelas autarquias, são muito importantes para o setor agrícola, ajudando a promover os mais diversos produtos. É um estímulo muito grande para os produtores, em especial depois de dois anos de pandemia”.

Carla Alves lembrou ainda a importância da agricultura no concelho de Torre de Moncorvo, bem como a capacidade deste território em apresentar produtos qualificados.
“Este é um concelho fortemente agrícola com cerca de 5 mil hectares de amendoal, aos quais se somam o olival e a vinha.
Algo que gosto de destacar em Torre de Moncorvo é a quantidade de produtos qualificados (DOC e IGP), que aqui existem. São cerca de 17, tirando o vinho. É uma riqueza que este território tem e que pode ser valorizado para promover ainda mais”.
A DRAPN mostrou-se ainda “muito satisfeita” por estar presenta no certame, lembrando o crescimento do mesmo.
“Já tinha estado na última edição e nota-se claramente o crescimento que teve, sinal da vitalidade que existe neste concelho.
Aquilo que se nota é que há uma motivação por parte das pessoas, dos expositores, quando algum evento é organizado a afluência é grande quando há três ou quatro anos atrás isso não acontecia”.
Daniel Cordeiro – Quinta da Patela
A participação neste tipo de eventos tem sido muito importante para nós, são eles que trazem mais gente, o que também acaba por significar mais negócio.
Nós somos produtores de mel e amêndoa. Os produtos que têm mais procura são as transformações da amêndoa, que temos com malagueta, gengibre, pimentas, canela, entre outras, incluindo como é obvio a nossa Amêndoa Coberta de Moncorvo, que tem uma procura bem superior à nossa capacidade de resposta.
Este tipo de eventos também são importantes para nos mostrarmos aos que cá estão porque muitas vezes não têm conhecimento do que existe mesmo ao seu lado. Já estamos em atividade desde 2015 e com loja aberta desde 2020, mas só agora é que nos vão conhecendo.
Conceição Pombal – Cobrideira
Dá algum trabalho a fazer, são cerca de oito horas por dia, durante cerca de 8 dias. A amêndoa é colocada no tabuleiro e em seguida a calda que não pode estar muito quente para que o açúcar não salte. Depois é ir envolvendo toda a amêndoa lentamente.
O segredo disto é ter carinho no que se faz. Desde pequena que faço isto e para mim é até uma terapia anti stress.
É interessante as pessoas perguntarem sobre o que fazemos e nós termos a oportunidade de lhes explicar.
Artur Santos – Apisantos
Estes eventos são muito importantes para podermos mostrar os nossos produtos ao cliente. Não sou de Torre de Moncorvo, sou de Matosinhos, mas estou a investir neste concelho.
Sou filho de apicultor e temos trabalhado como fornecedores de diverso tipo de material para este setor mas também produzo mel, bem como alguns produtos transformados. Temos cerveja de mel, rebuçados, chocolates, uma grande variedade de produtos.