Lamego Sociedade

Explosão em fábrica de pirotecnia resultou na morte de oito pessoas

[caption id="attachment_3526" align="alignleft" width="300"] Explosão em fábrica de pirotecnia resultou na morte de oito pessoas / Foto: Direitos Reservados[/caption] O dia 4 de abril ficou marcado na memória dos lamecenses com o acidente que resultou na morte de oito pessoas no seguimento de várias explosões em fábrica de pirotecnia, na freguesia de Penajoia. O acidente destruiu uma família. Seis das oito vítimas eram familiares. Um pai, dono da fábrica, a filha, uma sobrinha e três genros perderam a vida numa das explosões mais graves dos últimos anos em fábricas deste género em Portugal. Houve ainda mais duas vítimas que eram trabalhadores das empresas. A mulher e uma das filhas do proprietário, Egas Sequeira, tinham saído do local momentos antes de as explosões acontecerem. Ivo Azevedo e Fábio Azevedo, irmãos e ambos da freguesia de Avões, foram das primeiras pessoas a chegar ao local do acidente depois das explosões. [caption id="attachment_3518" align="alignleft" width="300"] Fábio Azevedo, um dos primeiros a chegar ao local do acidente/ Foto: Salomé Ferreira[/caption] “Encontrámos um cenário devastador, vi pedaços de corpos por todo o lado”, contou ao VivaDouro Fábio Azevedo. “A nossa preocupação era ver se haveria sobreviventes ou até vitimas que pudéssemos socorrer, o que não foi o caso, infelizmente, até porque as condições de segurança não o permitiam”, explicou Ivo Azevedo, Bombeiro Voluntário de Peso da Régua que apesar de não estar em serviço se prestou a ajudar no que estivesse ao seu alcance. “Preocupamo-nos imediatamente com os familiares que também chegaram ao local e a esposa do proprietário tentou dirigir-se para o paiol e tivemos que a impedir”, revelou Ivo Azevedo. Fábio Azevedo conhecia pessoalmente Egas Sequeira, o proprietário da fábrica. “Tinha estado recentemente em casa dele, no âmbito de uma festa que realizamos em Avões. Também estive a falar com ele um dia antes do acidente por causa do fogo-de-artifício da Páscoa e combinámos encontrar-nos esta semana para vermos pormenores”, contou. “Eram pessoas humildes e afáveis, posso garantir que o proprietário era uma pessoa extremamente cuidadosa”, acrescentou Fábio Azevedo. No dia seguinte ao acidente a população acordou de luto, a tristeza e preocupação era visível nos rostos dos habitantes. [caption id="attachment_3525" align="alignleft" width="300"] Leopoldina Pinto, habitante da Penajoia/ Foto: Salomé Ferreira[/caption] “As pessoas estão em estado de choque. É uma tragédia, não nos pertencem mas é como se fossem da nossa família”, confessou ao VivaDouro Leopoldina Pinto, habitante da Penajoia. Na quarta-feira ao início da tarde, no dia que sucedeu ao acidente, a tragédia foi o tema de conversa entre os habitantes de Avões. [caption id="attachment_3520" align="alignleft" width="300"] Manuel Ribeiro, habitante de Avões/ Foto: Salomé Ferreira[/caption] Manuel Ribeiro, habitante de Avões, conhecia Egas Sequeira. “Era um bom homem, trabalhador e muito responsável”, descreveu ao VivaDouro. “As pessoas estão muito tristes, hoje a aldeia acordou de forma diferente. É uma tragédia”. [caption id="attachment_3522" align="alignleft" width="300"] Nelson Nunes,habitante de Avões/ Foto: Salomé Ferreira[/caption] “É um dia de tristeza para a população”, acrescentou Nelson Nunes, também habitante desta freguesia lamecense. Cerca de uma semana depois do acidente, Macário Cardoso Rebelo, presidente da Junta de Freguesia de Avões afirma que “é visível o sofrimento das famílias e da população”. “Os familiares têm uma dor muito forte só que têm tentado ter forças entre eles para poderem ultrapassar a situação”, afirmou em declarações ao VivaDouro. Romeu Sequeira, presidente da Junta de Freguesia de Penajoia afirma que o acidente foi “um momento trágico de que não há memória não só para a Penajoia, mas também para outras localidades que se solidarizaram com a tristeza que se vivenciou neste local, como é o exemplo da freguesia vizinha de Avões, dada a sua proximidade da fábrica, bem como de todo o concelho de Lamego que durante estes dias esteve de luto”, disse ao VivaDouro. De acordo com o autarca a população tem demonstrado “um grande sentido de solidariedade para com as vítimas do incidente”. "Todo o concelho está inserido nesta causa", acrescentou Romeu Sequeira. "O que nós vamos fazer este ano, é óbvio que isto é uma situação de âmbito paroquial, mas com a qual a junta de freguesia também está solidária, é que o fogo-de-artifício que seria utilizado nas celebrações da Páscoa será revertido, em donativo, para as famílias que foram prejudicadas, que foram assoladas por esta tragédia”, explicou o presidente da Junta de Freguesia de Penajoia. Recentemente, o Jornal de Notícias avançou que a utilização de um telemóvel muito próximo de dois veículos carregados de material pirotécnico pode ter estado na origem das explosões. Isso associado ao facto de as altas temperaturas e o baixo índice de humidade, verificados naquele dia, terem tornado o material instável. É nesse sentido que vai uma das principais linhas da investigação. Até ao momento apenas um corpo foi entregue à família pelo Instituto de Medicina Legal do Porto. O funeral de Ana Sofia Baptista, uma das oito vítimas da explosão, realizou-se na Igreja de Veiros, em Estarreja, na passada terça-feira. O corpo da jovem de 22 anos, sobrinha do proprietário da fábrica, deu entrada na capela mortuária ao final da tarde segunda-feira, tendo o local sido logo fechado a pedido da família da vítima. A demora na entrega dos corpos deve-se à necessidade de fazer uma identificação rigorosa de cada vítima. [caption id="attachment_3519" align="alignleft" width="300"] Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se a Lamego para prestar solidariedade às famílias das vítimas/ Foto: Salomé Ferreira[/caption] Autarquia de Lamego aprovou “voto de pesar” pelas vítimas do acidente A Câmara Municipal de Lamego aprovou em reunião do executivo "um sentido voto de pesar às famílias enlutadas". O executivo municipal reitera ainda, no seguimento das visitas e acompanhamento pessoal já prestado, “a disponibilização de todos os serviços e meios ao seu alcance para ajudar a mitigar os efeitos devastadores que estas perdas tiveram”. O executivo municipal aprovou ainda um voto de louvor e reconhecimento pela "prontidão, disponibilidade, profissionalismo e competência com que todas as entidades envolvidas reagiram a esta trágica ocorrência", "comparecendo no local com toda a urgência e com todas as valências adequadas à situação, ali permanecendo o tempo necessária para a localização e resgate das vítimas". O texto também realça o "reconhecimento e especial gratidão a Sua Excelência o Senhor Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, que com a sua presença, no exercício de uma magistratura de proximidade e afetos, levou às famílias um elevado gesto de solidariedade e carinho". Também é destacado que o primeiro-ministro António Costa, desde o anúncio da ocorrência "manifestou de imediato a sua solidariedade pessoal e o incondicional apoio do Governo, através da presença do secretário de Estado da Administração Interna e das mensagens e disponibilidade manifestadas pelo Ministro da Defesa e outros membros do governo". O voto de louvor e reconhecimento do Município de Lamego termina com um agradecimento a todas as entidades que "reconhecidamente terem connosco partilhado e dividido o fardo da responsabilidade das decisões tomadas e da gestão dos múltiplos aspetos e vertentes de uma operação tão complexa e penosa".

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