Saúde

Conversas em isolamento: Psicologia

Carla Almeida é psicóloga, em entrevista ao VivaDouro fala da importância de manter algumas rotinas em isolamento, bem como dos cuidados a ter, em especial com os comportamentos de crianças e idosos.

Vivemos uma situação nunca antes experimentada. Psicologicamente que efeitos pode ter nas pessoas este período de isolamento social?

O período de isolamento social antes de mais deve ser entendido como um fator crucial para o controlo da pandemia.

Evidentemente que isolamento social pode ser experienciado pelo stress, confusão, raiva, além da ansiedade.

Os fatores que mais stressam as pessoas isoladas, são por exemplo, o facto de não saberem quanto tempo irá durar a quarentena, o medo, frustração, tédio, a própria situação financeira e para os que tem mesmo de ir trabalhar é o facto de ao sair poderem ser infetados.

Há o risco de depressões, situações de pânico ou ansiedade?

Como referi, neste período é possível estarmos mais exposto a esse risco. Existe muita informação a circular e nós absorvemos, por vezes, conteúdos que poderão ser prejudicais. Pessoas que são mais propensas a estados depressivos e ansiogénicos terão de filtrar muita informação.

É importante passar a mensagem que esta é uma situação passageira, de forma a que o nosso equilíbrio emocional esteja sempre salvaguardado.

Como podemos evitar estas situações?

Manter as nossas rotinas diárias poderá ser um ótimo princípio. Alimentarmo-nos bem. Levantar cedo, fazer a nossa higiene diária e conseguir estabelecer horários das refeições e pausas que habitualmente estão no nosso plano diário.

Estarmos informados sem estarmos assoberbados de informação.

Há já alguns relatos de pais em teletrabalho que apresentam alguns sinais de stress, que truques podemos usar para evitar estas situações?

Considero que estes pais que estão em casa em teletrabalho e que por vezes tem os filhos a frequentar a escola virtual, são autênticos heróis. Devemos reforçar positivamente esta dualidade de tarefas de enorme responsabilidade.

Para os pais com filhos ainda pequenos, acredito que o melhor será aceitar que podemos não ser perfeitos em todas as tarefas, até porque não estão no seu local de trabalho, onde só por si já acarreta uma motivação diferente. Vão ser constantes as interrupções dos filhos, quer para ajudar numa tarefa ou por questões do quotidiano.

Ao ter filhos em idade escolar, poderão sempre abordá-los para uma divisão de tarefas, onde durante o tempo de trabalho dos pais, eles estarão a estudar ou mesmo em atividades lúdicas. As interrupções apenas quando necessário.

Para os pais, conseguir fazer uma paragem durante o tempo que estão ao computador/trabalho, cerca de 5 minutos por cada hora. Ajuda a restabelecer energias e concentração, por exemplo.

Que tipo de atividades devemos fazer para manter a nossa “sanidade mental”?

As atividades que poderemos fazer são aquelas que de alguma forma, nos tranquilizam e nos dão prazer. Ler, ouvir música, praticar exercício, meditação, fazer um jogo em família, cozinhar. Podemos aproveitar para também fazer uma arrumação, que teimamos em adiar por falta de tempo, e agora temos a oportunidade ideal para concluir.

Acima de tudo aproveitar para estar em família. Considero que a partir desta crise, vamos ter a oportunidade de alterar a nossa forma de estar, e isto inclui a família.

Muitas famílias estão em casa com crianças, devemos explicar-lhes o que se passa?

Sim as crianças devem ser informadas do que está acontecer. Sempre que formos questionados deveremos responder com a verdade. Até porque as rotinas são alteradas e as crianças vão questionar, por exemplo, a ausência dos avós, o encerramento das escolas.

Por outro lado, sendo este um vírus com cuidados redobrados do ponto de vista da higienização e do contacto social, as crianças devem estar a par dos cuidados a ter.

A crianças mais pequenas, ainda não questionam muito, mas devemos ensinar sobre a correta higienização das mãos e não levantar muitos medos.

Não há o risco de lhes criar medo?

A capacidade de acalmar a criança, passa por sabermos passar a informação da forma mais tranquila. Sem alarmismo e com o cuidado de não causarmos medo.

Devemos ter o cuidado, se for o caso de estarem em idade escolar, de apresentar os factos ajudando desta forma a desconstruir as fake news.

Também os mais idosos estão confinados às suas casas. Que cuidados devemos ter com os mais velhos nesta situação?

Com a população mais idosa, os cuidados devem ser redobrados. Aliás desde o dia 22, que indivíduos acima dos 70 anos de idade, apenas devem sair de casa em condições muito específicas.

Alguns destes idosos são avós e desta forma durante este período as visitas dos netos devem ser canceladas, por via destes transmitirem algo que possa ser prejudicial. Isso pode gerar desconforto emocional para os avós. A minha sugestão nesta altura seria, voltarmos um pouco à altura em que se enviava cartas. Acredito que combatia este período, que poderá ser mais triste para ambos.

Muitos deles (idosos) estão sós durante este período, que cuidados especial devemos ter com eles?

Devemos combater a solidão de forma a não se tornarem vulneráveis a episódios depressivos.

Toda a situação do vírus deverá ser explicada da forma mais clara possível. Perceber se os idosos colocam questões, se tem dúvidas sobre o tema. Explicar a ausência destes dias é muito importante.

Contudo devemos passar a mensagem que ausência, não é abandono. É resguardo e cuidado.

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