Alijó Entrevista Política

Carlos Magalhães: “Primeiro estão as pessoas e só depois as coisas”

[caption id="attachment_524" align="alignleft" width="300"]Carlos Magalhães - Câmara Municipal de Alijó Carlos Magalhães, presidente da Câmara Municipal de Alijó / Foto: Ana Portela[/caption]

Presidente da Câmara Municipal de Alijó desde 2013, Carlos Magalhães, salientou a importância de potencializar o que o território do Douro tem de melhor, garantindo que a “batalha da produção está ganha”.

Porque se candidatou a Presidente da Câmara Municipal de Alijó?

Eu apareço como candidato sem nunca estar envolvido em política absolutamente nenhuma. Apareço como candidato porque várias pessoas próximas de mim me fizeram ver que era o momento de eu agir, não podia só estar a emitir opiniões e acreditavam em mim, acreditavam que eu era capaz. Após analisar a situação do município vi que realmente isto seria uma missão para mim. Há um momento que todos nós temos que prestar um serviço cívico e temos que dar o melhor de todos à coletividade e assim foi quase um imperativo de consciência como alijoense, que me trouxe até à política.

É o presidente do concelho desde 2013, que balanço faz até agora deste primeiro mandato de liderança?

Este primeiro ano e meio de mandato tem sido um exercício difícil para mim, não só pela aprendizagem que eu estou a fazer de como funciona uma autarquia, mas também do estado em que a encontrei. Tenho-me dedicado bastante à parte financeira para encontrar equilíbrio de forma a fugir ao FAM (Fundo de Apoio Municipal), não queria ver este concelho com uma maior perda de soberania e autonomia do que já tem, queria tentar neste momento equilibrar as contas da autarquia para depois fazer o que me propus fazer. Não prometi muita coisa, mas alguma prometi e quero cumprir.

Qual a maior dificuldade que encontrou quando se tornou o Presidente da Câmara Municipal de Alijó? Qual a maior conquista até agora?

Foi exatamente a inexatidão dos dados que me foram passados, quer de registo administrativo quer contabilístico. Esta situação mostrou-se difícil mas foi enfrentada com determinação. Neste primeiro ano a minha prioridade era saber exatamente qual o ponto de situação desta autarquia, onde é que ia buscar dinheiro e como é que conseguia negociar de forma a tornar isto sustentável. E assim foi feito, foi negociado a 20 anos, foram negociados os juros e estamos neste momento num plano de ajustamento financeiro que está a ser executado e leva o seu tempo, não se consegue corrigir uma trajetória errática em um ano e meio.

Em relação à conquista, acho que foi a de transmitir aos alijoenses um princípio, o de que é possível fazer política de outra forma e estar na política de uma forma diferente. Na minha passagem por aqui, tenciono credibilizar o ato político, a missão de um político que acho das missões mais nobres que um homem pode aspirar, o de um dia servir a coletividade. Como tal, não me revejo em outra forma de fazer política que não seja com verdade, determinação e sempre a pensar na missão que estou a executar, sempre a pensar nos outros, não em mim. Vim para a política com a missão de resgatar o concelho de Alijó.

Quais as prioridades do concelho neste momento?

A primeira prioridade é a nível interno, consolidar e negociar o passivo de forma a tornar sustentável o futuro. A economia do concelho está muito frágil também em grande parte devido às emigrações, a empresas que faliram e como tal é necessário retomar a economia. A minha visão para retomar a economia passa pela terra. A grande fábrica que temos aqui é definitivamente a terra. É a partir desta, dos produtos que ela nos dá e daquilo que sabemos fazer, porque nós sabemos trabalhar a terra como ninguém e esta uma batalha que temos ganha. Temos produtos de excelência a nível nacional e internacional e falta-nos saber valorizá-los. Temos que transmitir a imagem que é possível os jovens fixarem-se, porque têm futuro, mas para isso, é preciso valorizarmos e expandirmos o que temos de melhor, que são os nossos produtos vindos da terra.

[caption id="attachment_526" align="alignleft" width="300"]Carlos Magalhães - Câmara Municipal de Alijó O presidente do Município apontou ao VivaDouro as principais prioridades para o concelho / Foto: Ana Portela[/caption]

O turismo é dos setores mais importantes na região do Douro. De que maneira o município investe na dinamização desta atividade?

Nós ao querermos potencializar o que o território tem de melhor, que é o produto que vem da terra, também temos que lhe dar visibilidade. Esta visibilidade tem que ser local, nacional e internacional. O vinho é um desses produtos, que está mais que afirmado neste concelho, que felizmente produz dos melhores vinhos do mundo, classificados pelas revistas da especialidade como dos melhores vinhos do mundo. A uva também tem que ser um pouco mais valorizada, nomeadamente para a sua utilização nos vinhos de mesa, denominados vinhos DOC, que de repente tem adquirido uma visibilidade extraordinária, afirmando-se sem grande estratégia, apenas pela sua qualidade. O mercado do vinho do Porto é um mercado bem especializado, muito bem trabalhado pelas empresas e que nós temos que ajudar a elevar o nome deste produto nobre, levando-o a ganhar todas as medalhas e menções honrosas. A batalha da produção está ganha, pois o Douro neste momento está bonito, cuidado, o ambiente e a paisagem estão protegidas, a valorização da casta está feita, há todo um trabalho que foi feito e do qual agora estamos a colher os frutos e por isso acho que chegou o momento de dignificarmos este negócio. Nessa linha de pensamento, o turismo tem que ser a nossa segunda vindima.

O interior está cada vez mais desertificado. Quais as iniciativas do município de Alijó para atrair mais pessoas e conseguir manter os jovens no concelho?

Tem sido um desafio enorme, não só para a autarquia mas também para o país. Penso que deveríamos ter tido uma discriminação positiva relativamente a esta situação nos territórios do interior neste quadro comunitário. Tenho noção que o território vai continuar a perder população, mas espero que aquela que ficar tenha uma qualidade de vida superior. Não nos podemos comparar nem ter as aspirações do litoral, temos que ter consciência que estamos no interior e como tal encontrarmos uma forma de vida com qualidade sustentável para que seja bom viver no interior, temos que tirar partido do que temos de bom. A retoma da economia e consequentemente a criação de emprego são pontos fundamentais para que as pessoas se fixem aqui e atrair os jovens, mas para isso é necessário valorizar os produtos que temos na região, tais como o vinho, azeite, todos os cereais que ainda se fazem, pecuária, pastorícia, floresta e caça.

Com a crise a agravar-se a cada dia que passa, como é que a autarquia se tem preparado para a enfrentar? Houve redução nos gastos? Em que medida isso afetou os serviços prestados à população?

Sim, há claramente uma redução de gastos, o que não quer dizer que não haja um aumento de despesa, porque há situações que não estavam identificadas e é necessário resolvê-las. Eu não sou fantasioso, quero apenas que acreditem em mim, na minha forma de estar na vida e na minha forma de ver a economia do concelho, contudo não depende apenas de mim e a tutela tem que ter uma atenção redobrada para a região do interior. Há pequenas alterações legislativas, que na minha opinião, poderiam conduzir a uma melhoria da economia e estas ainda não foram feitas, talvez por desconhecimento de quem está neste momento com a tutela de algumas pastas. Todos os serviços estão assegurados à população alijoense, porque primeiro estão as pessoas e só depois as coisas, não há outra maneira.

Derrotou o PS nas eleições de 2013 e tornou-se o Presidente da Câmara Municipal de Alijó, como é que lida com a oposição?

A oposição é sempre saudável, no sentido de se fazer uma oposição construtiva. Quando esta é levada no verdadeiro sentido da palavra oposição, não lido bem com isso, porque acho que estamos a viver um momento muito difícil e em bom rigor e consciência, devemos todos parar um pouco com a política e tentar salvar o concelho. Tenho feito este apelo à oposição e felizmente tenho resolvido alguns problemas, porque tenho pessoas que apesar de meus opositores, têm um caráter muito nobre e generoso, que verificaram que é necessário parar um pouco e fazer alguma coisa pelo município, que felizmente, é o que está acontecer.

Numa perspetiva de política nacional, qual das políticas acha a mais eficaz e oportuna neste momento? Que medidas impunha no país se o pudesse governar?

Não tenho a veleidade de querer governar um país e admiro muito quem consegue estar numa missão destas, numa dificuldade extrema e conseguir manter a calma e a serenidade para continuarmos a ser país, porque assusta-me um pouco se perdermos mais soberania e autonomia. A verdade é que estamos inseridos num contexto europeu, ao qual aderimos e temos regras a cumprir e enquanto estivermos na Europa, sou favorável a que tenhamos a atenção toda pelo facto de sermos parceiros europeus, vamos manter-nos serenos e vamos continuar com todos os ganhos que tivemos até hoje, porque apesar de uma dificuldade extrema, estamos a sair dela, felizmente, contudo não se sai de uma trajetória errática num mandato. Eu acredito que o rumo que o país está a ter é o rumo certo, possível e para o qual todos nós temos que dar alguma contribuição.

Para terminar, quer deixar uma mensagem à população?

A população de Alijó, tem que neste momento, acreditar que é possível salvar o concelho, que nem tudo está perdido, que as pessoas existem e têm a capacidade necessária para resolver os assuntos mais graves. Peço que se unam em torno desta vontade e que acreditem que é possível.

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