Opinião

A água na Região Demarcada do Douro

As alterações climáticas que assolam o planeta estão a afetar Portugal continental e insular provocando também nas práticas agrícolas numerosos impactos, não sendo exceção as das culturas ligadas à vinha.

Se é certo que as regiões vinícolas se têm desenvolvido ao longo do tempo para melhor se ajustarem às condições ambientais regionais, também não deixa de ser verdade que a rapidez e a magnitude com que, agora, ocorrem essas mudanças fazem com que os setores vitícola e enológico enfrentem problemas sérios que urge combater e aos quais terá de se responder rapidamente.

A Região Demarcada do Douro (RDD) dispõe de características de paisagem e de diversidade de castas que podem ajudar a mitigar os efeitos nocivos das alterações climáticas, por ser praticada uma viticultura de montanha, acomodada à geomorfologia e relevo da região, que permite algumas estratégias de adaptação. Como é sabido, as vinhas na região do Douro, desde os primórdios, ocorrem implantadas em solos muito débeis, maioritariamente à base de xisto, com pouca matéria orgânica e com diminuta capacidade de retenção da água.

Em Portugal, a monitorização meteorológica da seca é realizada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), e este instituto, com os dados de janeiro, colocou a região do Douro em nível de seca moderada. Muito provável é a continuação de seca até final de fevereiro, com possível com possível agravamento da sua intensidade em todo o território. O baixo índice de água no solo não é preocupação essencial na cultura da vinha enquanto decorre a fase de repouso. Embora o baixo índice de água no solo não seja preocupação maior na cultura da vinha enquanto decorre a fase de repouso, as fases do ciclo vegetativo da planta retomadas com a primavera implicam disponibilidade hídrica, situação que parece pouco provável. A consubstanciar-se esta evolução negativa no estado de seca meteorológica, levantam-se questões a médio e longo prazo, pois a escassez de água tem efeitos na planta nos ciclos vegetativos seguintes.

Importa, por isso, repensar já a viticultura face às alterações climáticas e adotar soluções inovadoras. Foi neste contexto que o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) tomou iniciativas concretas no estudo e mitigação dos efeitos da seca. Destaca-se o facto de ter incluído na Hackathon Douro & Porto 2021, iniciativa de natureza técnico-científica organizada por este Instituto, o desafio intitulado “Método acessível e expedito de monitorização do estado hídrico da vinha”, o que pode permitir explorar as correlações entre os potenciais hídricos e diversos tipos de dados edafoclimáticos, e outros, de forma a estimar o potencial hídrico em determinada exploração. Para que esta e outras estratégias resultem é imperioso conhecer-se aprofundadamente a Região Demarcada do Douro. Assim, neste projeto foram adiantadas soluções que passam pela recolha de informação acerca de solos, pela caracterização de vinhas, pelo histórico de dados meteorológicos, sendo avaliado o acesso a rede de estações meteorológicas, levantados históricos de potenciais hídricos e estabelecido o acesso a dados de sondas de humidade, a dados de satélite e a dados de voos com drones.

Será seguramente o caminho a continuar a seguir-se nesta luta inexorável contra os efeitos das alterações climáticas: aplicar-se ciência, racionalizarem-se procedimentos, provocar-se mudança de práticas. E o armazenamento de água nos períodos de abundância para poder ser consumida nos períodos de carência ou de seca será outro passo desse mesmo caminho.

Em todo este contexto, importará ter-se presente que os recursos hídricos são limitados e, por isso, torna-se necessário protegê-los e conservá-los. A Região Demarcada do Douro tem de, no seu próprio interesse, defender a aplicação de procedimentos que permitam atingir os objetivos previstos na Lei da Água. Assim interessará, sobremaneira, promover uma utilização sustentável de água, baseada numa proteção a médio e longo prazo dos recursos hídricos disponíveis. A sustentabilidade da Região Demarcada do Douro passa, também, incontornavelmente, pela racional gestão da água.

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